domingo, 19 de setembro de 2010

Minhas reflexões ao ler Bhagavad Gita


Krshna e Radha

Ao ler o texto a seguir será possível conhecer um pouco mais sobre mim, já que nele faço uma reflexão entre alguns versos do Bhagavad Gita e minha história. Foi escrito durante o Curso de Formação de Instrutores de Yoga, da Associação Nacional de Yoga Integral (ANYI), em 2008.

O Bhagavad Gita é um diálogo religioso Hindu entre Krishna e Arjuna, realizado no campo de batalha Kurukshetra. Faz parte do épico Mahabharata e, na versão que o inclui, é datado no século IV a.C.

"Sou a fonte original de todos os universos materiais e espirituais. O Todo emana de Mim. Quem tem consciência disso ocupa-se em Me servir com amor e devoção." Bhagavad Gita capítulo 10, verso 8. 

Para ler mais sobre Bhagavad Gita, acesse:  http://gita.vraja.net/

* * * * *
Minhas reflexões ao ler Bhagavad Gita (Antes de ler o Bhagavad Gita como ele é)

"Quando não tiver mais nada/Nem chão, nem escada/Escudo ou espada/O seu coração
Acordará!...
Quando estiver com tudo/Lã, cetim, veludo/Espada e escudo/Sua consciência
Adormecerá!...
E acordará no mesmo lugar/Do ar até o arterial/No mesmo lar/No mesmo quintal
Da alma ao corpo material...
Hare Krshna Hare Krshna /Krshna Krshna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama /Rama Rama Hare Hare
Quando não se têm mais nada/Não se perde nada/Escudo ou espada/Pode ser o que se for
Livre do temor...
Hare Krshna Hare Krshna / Krshna Krshna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama / Rama Rama Hare Hare
Quando se acabou com tudo/Espada e escudo/Forma e conteúdo/Já então agora dá
Para dar amor...
Amor dará e receberá/Do ar, pulmão/Da lágrima, sal
Amor dará e receberá/Da luz, visão/Do tempo espiral...
Amor dará e receberá/Do braço, mão/Da boca, vogal
Amor dará e receberá/Da morte o seu/Guia natal...

Adeus Dor…
Hare Krshna Hare Krshna / Krshna Krshna Hare Hare
Hare Rama Hare Rama / Rama Rama Hare Hare"

Mantra - Nando Reis e Arnaldo Antunes

Introdução
Este trabalho me favoreceu viajar no passado, resgatar fatos marcantes da minha vida e refletir sobre a influência que estou recebendo hoje em contato com o Hinduísmo, de como foi a passagem por diversas linhas religiosas até chegar nos dias atuais e em que posso investir para dar continuidade ao meu crescimento espiritual.

Ao ler o Bhagavad Gita despertou em mim, ainda mais, o interesse em prosseguir os estudos em busca do auto-conhecimento e auto realização.

Espero que como Arjuna eu possa vencer as dificuldades da batalha com a ajuda de tantas instruções deixadas por grandes Mestres e Sábios e aprenda a ofertar com amor e devoção todos os meus atos, palavras, pensamentos...

"...Quando alguém, com fé e amor, oferece-me algo, por menor que seja- uma folha, uma flor, uma fruta, um gole d´água – eu o aceitarei com prazer das suas mãos. O que quer que fizeres ou deres, ó príncipe – sejam presentes, jogos ou orações, oferece-me todas as tuas oferendas com um coração cheio de devotamento... "  Krshna

O Bhagavad Gita que li é a tradução de Huberto Rohden, da coleção a obra-rima de cada autor, editora Martin Claret.

Decisões

A idéia de Deus como um Ser Supremo, sendo o bem e o mal, é recente na minha realidade que distinguia o bem, como Deus, e o mal, como Demônio. Demorei um pouco para compreender que tudo é um, mas de acordo com minhas experiências pessoais me vejo diversas vezes tentando separar o bem do mal.


Assim, no primeiro capítulo, quando Arjuna está angustiado por ter que lutar contra seus familiares, amigos e mestres refleti sobre a minha postura diante de decisões que tomei até aqui. Observo que como Arjuna, várias vezes me senti desanimada. A diferença é que sempre recuei diante de situações que me obrigavam a ter responsabilidade, de fatos que me destacassem em um determinado grupo e que me exigiriam uma cobrança maior, enquanto Arjuna depois de ouvir o Mestre prosseguiu na batalha.


Percebo que no Cristianismo, religião em que fui criada, o sentido de pecado e castigo enraizou-se profundamente em meu ser e até hoje, mesmo com tantas reflexões, ainda me vejo em determinadas situações carregando culpa desnecessária.


Hoje percebo que todas essas situações duvidosas e receiosas fazem parte do ego. O Atma sempre tem certeza do que é melhor. Quando se age com a certeza de sermos uno com o Ser Supremo não há medo, dúvida ou culpa.


Diz Arjuna:

...Ó Krshna! Ao reconhecer como meus parentes todos esses homens, que devo matar, sinto os meus membros paralisados, a língua ressequida no paladar, o coração a tremer e os cabelos eriçados na cabeça... Falha a força do meu braço... Cai-me por terra o arco que tendera.


Mal me tenho em pé... Ardem-me em febre os membros... confusos estão os meus pensamentos.... a própria vida parece fugir de mim.
Nada enxergo diante de mim senão dores e ais...Que bem resultaria daí, ó Keshava, se eu trucidasse meus parentes?


Não, Krshna, não quero vencer. Não quero, desse modo, conquistar soberania e glória, riqueza e prazer...
Bem melhor seria se nos rendêssemos aos inimigos armados e nos deixássemos matar na luta, sem armas nem defesa...


Escolhas


No capítulo 2, começam as instruções Divinas de Krshna, quebrando conceitos ocidentais enraizados pelo Cristianismo e pela globalização, como: renúncia, desapego às coisas mundo e dedicação total ao Divino.


Depois que iniciei a prática da Yoga e conheci Sai Baba tornou-se uma realidade, para mim, a possibilidade de me manter serena e ter autocontrole, diante das situações difíceis.

Krshna alerta:

...Mas quem permanece sereno e imperturbável no meio do prazer e sofrimento, somente este é que atinge imortalidade...


Aceito conscientemente que o Atma jamais morrerá, mas ainda tenho sentimentos contrários a essa afirmação. Vejo-me em vários momentos permitindo que o ego se sobressaia ao meu Eu Superior. Sinto medo, insegurança e dúvidas.

E, porque tanto tormento se Krshna nos ensina que...

...O Eu nunca nasceu nem jamais morrerá. E uma vez que existe, nunca deixará de existir. Sem nascimento, sem morte, imutável, eteno – sempre ele mesmo é o Eu, a alma. Não é destruído com a destruição do corpo (material)...


...O Eu não pode ser ferido nem queimado; não pode ser molhado nem ressecado – ele é imortal; não se move nem é movido, e permeia todas as coisas – o Eu é eterno...


...Aceitando prazer e sofrimento, ganho e perda, vitória e derrota com a mesma serenidade de espírito, entra na peleja – e não pecarás!...


...Pela prática de ioga, torna-se a mente unipolarizada e calma, ao passo que a mente pluripolarizada se ramifica em pensamentos dispersivos sem fim....


Se estou no caminho da yoga, escolhido por minha própria vontade, preciso estar atenta ao que Krshna diz a Arjuna:


...Agir é tua missão; mas não deves visar aos frutos da tua atividade. Não permitas que a tua atividade seja inspirada pelo desejo dos seus frutos – mas não caias na inatividade!


Penetrado no espírito de ioga, ó príncipe, realiza os teus trabalhos e mantém-te em sereno equilíbrio, na certeza de que tanto o sucesso quanto o insucesso são bons. Essa serenidade interior é a ioga ...


...Sábios dotados de perfeita sabedoria não se apegam aos frutos do seu trabalho, e com isto se libertam para sempre da escravidão de nascimento e morte, e atingem o estado de beatitude absoluta...

Experiências

Nos dias atuais, me esforço para agir sem esperar resultados, mas nem sempre consigo. Às vezes, percebo que as opiniões ao meu redor me influenciam. Quando estou consciente dessa realidade, então, percebo que ainda não consegui quebrar alguns padrões, repetindo os testes e errando nas mesmas questões.


O trabalho desinteressado, pela pouca experiência que tive, é o que mais me regenera.

E, para nos provar a presença de Deus em nossa vida a todo instante, Krshna ressalta que não estou só. A presença de Deus é permanente.

...Na tríplice manifestação do meu Universo, eu não sou forçado a agir; nada há que me prenda ou que eu procure possuir - ,no entanto, estou presente e ajo sem cessar em todas as coisas. ...


...Se eu não agisse sem cessar e me retirasse das minhas manifestações, a humanidade em peso ficaria sem luz nem orientação e acabaria por se perder. ...


...Assim como insensato se esforça por realizar os seus desejos com apego, do mesmo modo deve o sábio esforçar-se por realizar os seus trabalhos libertos da ilusão do ego...


... mas, aquele que conhece, na verdade, as forças que movem a natureza, governam o mundo visível e conferem aos corpos as propriedades que eles possuem por algum tempo – este não está ligado por tais obras, embora trabalhe e as realize pessoalmente. ...

Nessas frases retiradas do Capítulo 3, Deus aqui fala do seu amor incondicional pela humanidade. Amor que deve ser desenvolvido por todos os seres da Terra.

O Amor incondicional de Deus me emociona.


Aos 8 anos de idade eu iniciei no catecismo na igreja perto da casa onde eu morava, que ficava em um bairro próximo ao centro da cidade do Rio de Janeiro e era um lugar onde havia muita gente pobre, mas a violência ainda não havia chegado por lá como acontece nos dias atuais.


Eu convivi com pessoas de várias classes sociais e ali eu aprendi a respeitar cada um pelo o que eram. Fiz minha primeira comunhão, prossegui nas aulas chamadas de “Perseverança” e aos 14 anos de idade já auxiliava as professoras de catecismo.

Após dois anos, eu estava a frente da turma. Fui aprimorando meu conhecimento, me sentindo mais segura e criava sempre aulas dinâmicas, com cartazes, músicas...


Fiz a Crisma e continuei o meu trabalho voluntário por alguns anos, quando me deu vontade de parar. Primeiro, porque havia começado a trabalhar e estudar, depois porque comecei a questionar a Bíblia em busca de respostas, que a igreja não me oferecia. Um outro fator que relevou a minha decisão era o fato de passar a maior parte do meu fim de semana voltada para o meu trabalho voluntário e pouco tempo restava para mim.

Então, decidi deixar o meu trabalho na igreja católica.


Conheci o Kardecismo, algumas igrejas evangélicas e um pouco da Umbanda, mas em nenhum desses lugares eu tive vontade de me envolver novamente com qualquer tipo de trabalho.

Até que comecei a freqüentar a Irmandade Espiritualista Verdade Eterna (IEVE), hoje na Praça da Bandeira, e me encantei por reverenciar vários Mestres e respeitar a todos igualmente. Mas, depois de aproximadamente uns 8 anos,com interrupções, também não quis me envolver com qualquer tipo de trabalho e me afastei.

Por um tempo, uma vez ou outra, freqüentava um Centro Kardecista e assim foi até que fui a primeira reunião de Canto Devocional no Centro Sai de Copacabana e, hoje, apaixonada por tudo o que estou tendo a oportunidade de aprender penso que um dia deverei compartilhar um amor incondicional, voltando a prestar um trabalho voluntário e desinteressado para quem necessita.


Certa vez ouvi que a Empresa onde eu trabalho é resgate de karma coletivo, mas ao ler o capítulo 4 percebo claramente a melhor forma de passar pelos “testes”, gentilmente cedidos por Deus para o meu crescimento.

Krshna ensina:
...Não se compraz em nenhum fruto do seu trabalho nem se apega a objeto algum da natureza; habita sempre sereno, na paz do seu EU, porque sabe que não é ele que age, mesmo quando realiza alguma obra...

Sentimentos

Ás vezes, as dificuldades fazem com que eu desanime e, em alguns casos, me perco na minha imaturidade divina. Há épocas que estou mais paciente, outras que fico irritada com o ambiente ao meu redor. É o meu desejo reduzir ao máximo essa inconstância.


E, Krshna esclarece:


... Em verdade, nada há tão purificador como a sabedoria; quem pratica sinceramente ioga descobrirá em si mesmo essa verdade...


... O homem ignorante e cético não encontra sossego, nem no mundo do aquém nem no mundo do além – nem atingirá repouso na eternidade. Mas quem se encontra a si mesmo é senhor de si; transcende pela sabedoria os efeitos das suas ações (karma); nada mais o prende, e as dúvidas se dissipam à luz do conhecimento da divindade. ...


Nos capítulos 5 e 6 refleti sobre a importância da meditação para manter a mente quieta, em observação constante para mudanças de hábitos que incomodam por estarem, na minha percepção, longe do divino.


No entanto, mais uma vez, Krshna me responde:

... O reino da quietude que os sábios conquistam pela meditação é também conquistado pelos que praticam ações; sábio é aquele que compreende que estas duas coisas -a intuição mística e a ação prática – são uma só em sua essência...


...Difícil tarefa é, herói, alcançar estado de renúncia sem ação e sem que o espírito da fé penetre o coração. O sábio que, pela força da verdade, renuncia a si mesmo, integra-se a Brahman...

Krshna diz que é possível despertar o Deus que está dormindo dentro de mim e isso depende da minha própria vontade.

...O iogue, que habita na luz, se abstém do contato com o mundo dos sentidos, cujo olho espiritual se abriu e cuja respiração espiritual sintonizou-se com a respiração corporal.


Ele que repleto de Deus, governa e, sem egoísmo, anseia pela redenção – este se libertou de si mesmo e vive na paz eterna, aqui e por toda a parte.


Ele sabe que eu sou a essência em todas as Existências; eu, o imanifesto em todos os Manifestos; eu, a suprema e imutável Realidade em todos os mundos em incessante mutação; eu, refúgio e proteção de todas as criaturas. Quem isso sabe encontrou a paz...


Quando eu penso se quero ser querido por Deus, penso que sim, é claro. Mas, quando me deparo com as dificuldades e obstáculos a serem vencidos, tenho sempre desculpas. Talvez, por não estar amadurecida o suficiente para encarar o Deus sem forma que tanto busco.

E, Krshna me ensina como ser querido por Deus...


...De todos os ioges me é mais querido aquele que põe em mim toda a sua confiança e a mim se entrega com toda a sua alma. Esse encontrará em mim a paz do seu coração.


...Focaliza a tua mente em mim! Centraliza em mim a tua vontade! Reconhece-me como a meta final de toda a tua atividade, com a suprema beatitude da tua vida! E assim, integrando em mim o teu íntimo Eu, encontrarás paz em meu Ser.


Arte-Emoção


No ano passado, assisti à peça teatral “Dhrama. O Incrível diálogo entre Krshna e Arjuna”, com texto e direção de João Falcão, em que o encerramento me emocionou muito por retratar em Deus os atributos divinos nos quais acredito, mas que não estou convencida, já que às vezes questiono as providências divinas. Pelas minhas dúvidas, me emociono sempre que me deparo com o encobrimento que há entre mim e Deus.

Eis o trecho...

... Pois bem! Eu te descreverei os meus principais atributos – os principais somente, porque sem limites é a minha plenitude; ser algum me pode conhecer totalmente.


Eu sou a Essência Espiritual que habita nas profundezas da alma e no íntimo de cada criatura – o princípio, o meio e o fim de todas as coisas; a sua origem, a sua existência, o seu termo final.


Eu sou Vishnu entre as forças criadoras; entre os seres do mundo sideral, eu sou o Sol; nos espaços atmosféricos sou a tempestade; entre as luminárias do céu noturno a Lua.


Eu sou o sama do livro dos Vedas. No céu das divindades sou o Deus supremo; entre os sentidos sou a mente pensante; entre as forças mentais sou a razão consciente.


Entre os destruidores sou o transformador; entre os grandes sou o gigante; entre os espíritos sou o Espírito supremo; entre os elementos purificadores sou o fogo; entre os montes sou o Meru.


Entre os sacerdotes sou sempre o sumo-Sacerdote; entre as forças cósmicas em luta eu sou o general em chefe; entre as águas sou o oceano, que bebe todas as torrentes.


Entre os sábios sou a sabedoria; entre as palavras sacras sou o AUM, entre as montanhas sou o Himalaia. Eu sou o enlevo nas preces dos devotos.


No meio das árvores sou a árvore da vida; no meio dos iluminados sou a luz; sou a harmonia nos coros sinfônicos; entre os santos sou a santidade.


Entre os projéteis ígneos sou o raio; entre os animais do campo sou a vaca fecunda; como força procriadora sou Kandarpa, o deus do amor; entre as serpentes sou Vasuki, a sede do conhecimento.


Entre os dragões sou Ananta, o imortal; entre os seres aquáticos sou Varuna, o criador dos mundos. Entre os ancestrais eu sou o patriarca; sou o Juiz supremo entre os juízes.


No jogo do tempo Eu sou a Eternidade; entre as forças ocultas sou a Magia; entre os rapineiros das selvas sou o leão; entre os voláteis do espaço sou a águia.


No reino dos ares sou a liberdade; entre os guerreiros sou a vitória; entre 0os animais que habitam as águas sou o crocodilo; entre os rios sou o Ganges.


Eu sou o princípio, o meio e o fim do Universo, a sua essência real e a sua existência aparente. Eu sou a sapiência dos sapientes, a vidência dos videntes, o verbo das línguas, a luz dos olhos.


Eu sou o “A” entre as letras do alfabeto, o pensamento dos pensadores, a vida dos videntes, o amor dos amantes, o sustentáculo cósmico de tudo quanto existe.


Eu sou o nascer que tudo forma, e o morrer de tudo que transforma. Entre as qualidades femininas sou virtude e beleza, graça e modéstia, eloqüência e paciência.


No coro dos hinos Eu sou o cântico dos cânticos; entre as palavras sacramentais Eu sou o sacro Gayatri. Dos meses lunares sou o primeiro; entre as estações do ano sou a sorridente primavera.


Entre as forças sutis Eu sou o imponderável, neste mundo de dualidade; sou o fulgor das coisas fúlgidas, a bondade dos corações bondosos, a grandeza dos grandes e a vitória dos vitoriosos.


Entre os poderosos do mundo Eu sou Vasudeva, o Senhor do Universo. Entre os sábios sou representado por Vyasa, o príncipe dos poetas.


Eu sou Deus em tudo, a força dos fortes, a beleza dos belos, a astúcia dos astutos, o saber da inteligência dos sapientes; Sou o silêncio, onde habita o mistério de Deus.


No seio de cada coisa Sou a semente do ser; não há nada, animado ou inanimado,que tenha existência separada de mim.


Ó Arjuna! Sem limites é a plenitude do meu Ser, imensa a minha grandeza. O que te disse não passa de pequenina parcela.


Onde quer que haja algo glorioso ou belo, bom ou poderoso, no Universo da criação, sabe, ó príncipe, que é um reflexo da minha glória.


Mas, Arjuna, porque prosseguir nessa enumeração? Basta saber que em todas as coisas está o meu divino Eu; do meu Ser emanou o Universo todo, como manifestação da minha divina Essência.

Deus

Nesse tempo de reflexão, descobri que Deus sempre se fez presente até nos momentos em que eu mais estive afastada da minha essência, me protegendo, orientando e ensinando.


Compreender esse Deus sem forma, só deve ser possível exercitando uma das diversas formas de nos aproximar de Deus e estar sempre em busca de entender e encontrá-lo.

Diz Krshna:

... Deus não existe nem inexiste. Embora residindo em todas as formas, é ele sem forma. As potências celestes são as mãos do Soberano. Onipresentes são os seus olhos, suas cabeças, suas bocas, seus ouvidos, seus pés...


... É ele que abrange, sustenta e ilumina o mundo, glorioso em todo o seu poder, porém não limitado por coisa alguma; Senhor de toda a obra, e não ligado por obra alguma. ...

Conclusão:


O Amor incondicional é oferecer à Deus tudo o que sou e cada segundo de vida.


É reconhecer que Deus é o bem e é também o que me contraria. E devo agradecer sempre pela sua presença em minha vida, seja lá de que maneira for.


Saber que eu e Deus somos um e que nada pode nos separar.


Que pela graça divina, eu sou um Ser que tenho condições de retornar ao coração de Deus. Basta eu me esforçar.


Devo ter consciência de que eu não estou sozinho e que Mestres de magnífica luz encarnam na Terra para me ajudar nesta caminhada.

Que o yoga seja uma referência e um ponto permanente a ser alcançado por mim e que as sagradas revelações de Krshna seja um objetivo a ser concretizado durante a minha passagem pela Terra.


No capítulo 18, Krshna diz para Arjuna:

...Deixa-me governar o teu coração; entrega-te todo a mim com fé inabalável, e sê totalmente meu. É o que te prometo, porque me és caríssimo.


Abre mão de todos os desejos, ritos e usanças tradicionais; recorre a mim, o teu único refúgio, e eu te redimirei de todos os males; evita todo o temor.


Não reveles jamais esta doutrina a quem não possua autodomínio e devotamento total, nem aqueles que não a queiram abraçar praticamente; nem reveles aos vaidosos que não crêem em mim...

Praia bem próxima ao Templo de Mahabalipuram, tombado pela Unesco
 como patrimônio mundial em 1984, no sul da Índia.
* * * * *
Introdução:

Nenhum comentário:

Postar um comentário